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Cliques e projetos do fotógrafo Brawny Meireles

notícia Brawny Meireles desbravou o fotojornalismo através do trabalho em impressos como a Folha de Imperatriz, O Progresso e o O Estado do Maranhão. Confira a entrevista feita por Edmara Silva.

JOIMP: Qual o seu nome completo?

Brawny Meireles: Braoniene Anastácio Meireles, tenho 52 anos.

JOIMP: Onde nasceu?

BM: Lago da Pedra (MÁ). Quanto eu tinha cinco anos, a minha família aqui veio morar.

JOIMP: Como foi seu primeiro contato com a fotografar?

BM: Curiosidade e vontade de produzir imagens. Aos 12 ganhei a primeira câmera a ser compartilhada entre eu e meus dois irmãos. Mas era eu quem mais usava, até por ser o mais velho, também.

JOIMP: Quando começou a fotografar de forma profissional?

BM: Aos 24, montei meu primeiro estúdio em São Luís, onde morava à época depois de haver casado por lá também.

JOIMP: Em quais jornais já trabalhou?

BM: Iniciei no extinto jornal Folha de Imperatriz, cujo diretor de redação à época era o experiente jornalista Antonio Costa. Também colaborei como free-lancer junto ao jornal O Progresso, inclusive escrevendo diversas matérias de cunho ambiental ou cultural. Mantendo inclusive por algumas edições uma página nesse matutino, chamada Perfi, com entrevistas diversas. Em 1999 ingressei na equipe de jornalistas do jornal O Estado do Maranhão, onde permaneci por cerca de 15 anos, tendo colaborado com grandes reportagens, geralmente, relacionadas ao meio ambiente. Incluindo cobertura de conflitos agrários, e denúncias de crime contra o patrimônio natural.

JOIMP: Além de fotógrafo, desempenhava outra função?

BM: Não. Continuo estudando. Atualmente sou discente do curso de licenciatura em Artes Visuais na Universidade Federal do Maranhão, em São Luís.

JOIMP: Como era feito a produção das imagens para os jornais?

BM: No principio era somente em p/b (preto e branco). O fotógrafo atuava também como laboratorista revelando todas aas imagens captadas em câmeras, usando filmes em rolo 35 mm; que depois de revelados tinham suas imagens projetadas em papel por meio de um aparelho chamado ampliador para que, só assim, se obtivesse a cópia final.

JOIMP: Havia algum critério específico por parte do veículo?

BM: Sempre tive liberdade total, inclusive de definir minha própria pauta dos assuntos que era oportunizado em razão das constantes viagens que faço cruzando, com frequência, a geografia do Maranhão.

JOIMP: Como vê a relação da fotografia com o texto?

BM: Um complementa o outro. Mas a fotografia dos bons profissionais tem a capacidade de sintetizar todo um evento numa única imagem. Às vezes, comunicando coisas que com palavras não se consegue dizer.

JOIMP: Existe alguma fotografia que tenha te marcado?

BM: A próxima será sempre a melhor. Mas já fiz diversas fotos que foram importantes não apenas pelo valor estético ou informativo, mas principalmente por terem gerado ações em favor da preservação da natureza.  Aliás, cheguei a editar um jornal chamado Hora H, onde já no primeiro número denunciamos a morte da nascente original do Rio Pindaré. Matéria produzida in loco, com a participação de dois geógrafos.

JOIMP: Em sua carreira como fotojornalista de jornais impresso em Imperatriz existe alguma imagem que teve grande repercussão?

BM: Acompanhei diversas ações de trabalhadores rurais sem-terra na região. Também cobri o conflito envolvendo os índios da etnia krikati e fazendeiros no município maranhense de Montes Altos.  Além do jornal O Estado do Maranhão, varias dessas fotos, resultantes dessas jornadas, foram publicadas também no jornal O Progresso, que as estampou em diversas capas.

  JOIMP: Como lida com a fotografia no cotidiano?

BM: Por meio de projetos dirigidos para publicações diversas, incluindo livros de fotografias.

JOIMP: Em sua opinião qual é o principal papel do fotojornalista?

BM: Captar a melhor imagem possível que colabore de ampla maneira com a informação ou notícia.

JOIMP: Você trabalha como fotografo freelance, isso permite a você alguma independência na hora de captar as imagens?

BM: Cumpro cronogramas determinados pelos projetos em desenvolvimento.

JOIMP: Quais os desafios você apontaria para um fotógrafo nas décadas passadas e quais as diferenças para a atualidade?

BM: Melhorou muito com o advento digital. O jornalismo só ganhou. Significa agilidade para dar a notícia em primeira mão. Isso é fundamental no mundo da notícia.

JOIMP: Para você qual o papel do fotojornalista?

BM: Trabalhar com ética e respeito a todos os envolvidos em seu trabalho. Buscar sempre o impacto da imagem usando a melhor luz e composição de maneira que se compreenda a notícia com um simples olhar. Tem o olho que olha e o olho que vê. O fotógrafo tem que ver além, sempre. E enquanto houver luz, vire-se para captar o melhor.

JOIMP: Existe algum fotógrafo que você tenha como inspiração?

BM: Os brasileiros estão entre os melhores do mundo. Tenho várias referencias como Sebastião Salgado, mas admiro bastante o Araquém Alcântara, fotógrafo de Natureza.

JOIMP: O que você diria aos jovens fotógrafos?

BM: Estudem sem parar. Estou longe de saber dominar os mistérios da Fotografia. Esse é um universo que estou mergulhado há quase trinta anos sendo seduzido cada vez mais por ele.

JOIMP: Quantos livros publicou?

BM: Seis livros, contando com o livro “Foto na Lata”, resultante de um projeto que dirijo com fotografia pinhole (câmera sem lente, feita a partir de uma caixa onde a luz não entra, possui um pequeno furo), dirigido para crianças e adolescentes do Maranhão, que já alcançou mais de 500 participantes.

JOIMP: Como faz a seleção dos temas a serem retratados nos livros?

BM: Isso é relativo. Às vezes, sai com uma pauta e, a caminho, acontece um fato extraordinário, isso é o que vai dominar. Mas meu foco são as pessoas e suas relações com o meio ambiente.

JOIMP: Hoje o acesso das pessoas às câmeras fotográficas é facilitado. Imagens podem ser feitas por um amador em sua câmera pessoal ou de celular. Isso é bom ou ruim para o fotojornalista profissional?

BM: Imagem qualquer um capta. Até um primata ao tocar um tela de um smarthphone, mas fotografia de verdade é algo pensado em todas suas nuances para de fato, gerar algum valor.

Foto: Edmara Silva

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