Centro de Documentação do Jornalismo de Imperatriz

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Livro aborda perfis e vozes da imprensa local

notícia A jornalista e historiadora Thays Assunção conta detalhes sobre o seu livro “História da Imprensa em Imperatriz – MA (1930-2010)”, lançado com o apoio da FAPEMA. A autora é doutoranda em Comunicação na UERJ.

Por Arnoldo Araújo dos Reis*

O que significa o livro  “História da Imprensa em Imperatriz – MA (1930-20100” para a cidade? 

Esse livro é uma contribuição para a história da cidade e também para o jornalismo da cidade, porque ele traz um compilado dessas fases que os jornais passaram em Imperatriz, as fases da história dos jornais da cidade do Frei. Então,  é  uma contribuição para os estudos  de história e estudos  de jornalismo. 

Fale um pouco da fase  dos "primórdios da imprensa”, que foi o período compreendido entre os anos de  1930 a 1970. 

Nessa fase dos primórdios da imprensa é quando surgem os primeiros jornais de Imperatriz. O primeiro jornal foi "O Alicate " em  1932 . Nesse período são quatro jornais que circulavam na cidade.  Em 1936, temos o jornal  “A Luz". No ano de 1949 surgiu o jornal  "O Astro ". Em  1964  nasce "O Correio do Tocantins". Dessa forma,  foram esses quatro jornais que deram início às atividades jornalísticas em Imperatriz.

A partir da década de 70 a gente inicia outro momento  que é o momento da “modernização da imprensa” de Imperatriz e é nesse instante que os jornais se multiplicam,  aumenta o número de publicações na década de 70  e também na década de 80. Nessa fase de modernização, os jornais se modificam graficamente,  a estrutura dos jornais também se modifica,  começam os espaços fixos dentro do jornal,  as editorias,  os espaços de opinião.  É  um momento também onde se começa a noticiar muito a questão da violência e, por essa razão, a segunda maior cidade do Maranhão foi chamada de a  "capital da pistolagem".

O jornalismo policial em Imperatriz começa a tomar forma nesse momento e também temos as iniciativas literárias,  culturais e de cunho religioso. Um dos principais jornais religiosos que destaco no livro é  "Sinais dos tempos",  que era um jornal da Igreja Católica, mas voltado, também,  para as causas sociais e  agrárias daquele período.  E têm os jornais feitos pelos estudantes de movimentos estudantis de Imperatriz. Na parte da  década de 90,  a gente já ingressa em um outro momento da história da imprensa, que vai até o ano  2010 que é a imprensa contemporânea. E em meu livro comento muito sobre o surgimento do computador e da  internet nas redações, bem como as mudanças que isso ocasiona no jornal.  Nesse momento também temos os jornais esportivos que surgiram nesse período,  também os jornais que vão falar da questão do Maranhão do Sul,  que era uma temática muito presente nessa época.

Como foi que surgiu a ideia de criar o livro da história da imprensa de Imperatriz? 
Esse trabalho surgiu no projeto de iniciação científica,  com orientação da professora Roseane Arcanjo Pinheiro, do Curso de Jornalismo da UFMA, campus Imperatriz. Foi  um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão.  E esse projeto visava a encontrar os jornais impressos, localizar esses jornais nos acervos públicos e particulares da cidade.  Depois que fiz essa parte do projeto de iniciação científica tive um diálogo com a professora Roseane na época do Trabalho de Conclusão do Curso e a gente resolveu fazer essas fases da história da imprensa em Imperatriz. Então,  a partir  daquilo que eu  tinha coletado na iniciação científica, dei continuidade  e fiz essa proposta de periodização da imprensa de Imperatriz como monografia,  como trabalho de conclusão de curso.  Posteriormente, esse trabalho foi reconhecido pela  Associação Brasileira de Pesquisadores em História  da Mídia como o melhor trabalho da região Nordeste no tocante à estimular a memória.  Foi também premiado em  2012 em um congresso que participei e depois a FAPEMA lançou o edital de apoio à publicação de obras que foi a modalidade  na qual concorri. Assim consegui o financiamento para gerar esse livro e, dessa forma, colocar esse trabalho em formato de livro.

Qual a tiragem,  o valor e onde a gente pode encontrar o livro para comprar? 

A tiragem inicial foi de 500 exemplares.  O valor é de  30  reais.  Há exemplares na Livraria Imperativa no Shopping Tocantins, na Academia de Letras e também  as pessoas podem entrar em contato comigo que levo e faço a comercialização .

Esse livro vai estimular as pesquisas dos estudantes  com relação à imprensa de Imperatriz? 

Creio que sim. É uma base que as pessoas vão utilizar como referência e assim alguém que queira fazer estudos mais aprofundados sobre determinado jornal vai conseguir encontrar informações interessantes porque tem uma seção no livro que é um catálogo que tem o perfil dos  215 jornais que circularam na cidade de 1930 a 2010. São fichas que têm informações de cada jornal como título,  local em que  a pessoa pode encontrar o endereço, onde  funcionava determinado jornal,  quem produzia,  quanto custava.  Essas fichas  são uma parte do livro  que as pessoas podem usar como base para aprofundar uma pesquisa com relação à determinado jornal. 

Foi difícil para você fazer o levantamento dos jornais e produzir esse livro? Praticamente é a primeira obra a tratar do tema. 

Foi um trabalho árduo e cansativo, mormente porque aqui em Imperatriz a gente não tem acervos públicos que reúnam informações sobre todos esses jornais.  Então,  tive que procurar informações em acervos particulares, principalmente o acervo do jornalista Edmilson Sanches. Nesse contexto, Sanches abriu as portas de sua casa e permitiu que eu tivesse contato com esses jornais.  O acervo de Sanches tem jornais de Imperatriz e também  de vários lugares, porém estavam todos misturados. Por isso,  tive que fazer essa separação de jornais na casa dele,  verificar o que era de Imperatriz,  analisar alguns exemplares para poder extrair as informações que eu precisava.  Foi um trabalho bem braçal,  bem cansativo à época, mas,  valeu a pena e  agora esse trabalho está aqui em formato de livro e as pessoas vão poder utilizá-lo em suas pesquisas. 

Quanto tempo você levou  para editar o livro? 
A pesquisa da FAPEMA, de iniciação científica, começou em  2008 e foi até 2010. A minha monografia foi defendida em  2011.  Em  2017 fiz a atualização de algumas informações da época que eu tinha defendido a monografia para poder então publicar o livro com algo um pouco mais atual, de alguma mudança que teve no cenário da imprensa de Imperatriz. 

 Só ressalvando que esse livro é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão e também teve a parceria da EDUFMA, que é a editora da Universidade Federal do Maranhão. O livro “História da imprensa de Imperatriz” teve alguns exemplares que  foram doados para algumas universidades,  para escolas e  para bibliotecas com o intuito de dar acesso sem custo para aquelas pessoas que não têm condições de adquirir o livro 

Você se sente feliz por ter produzido uma obra no âmbito do jornalismo? 

Sim.  É um sonho realizado. É uma alegria poder ter produzido esse livro,  poder estar contribuindo com a pesquisa local, com a memória da cidade e, por fim, com a memória do jornalismo.

*Estagiário da equipe. Fez a entrevista e a primeira edição. Foto: arquivo pessoal de Thays Assunção.

 

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Autore(s): ROSEANE ARCANJO PINHEIRO.