Centro de Documentação do Jornalismo de Imperatriz

Notícias

William Castro: aceitar os desafios

notícia O professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT), William Castro Morais, 31, é da primeira turma de Jornalismo da UFMA Imperatriz. É o oitavo entrevistado da série Jornalistas Sim.

Texto: Suzana Queiroz e Amanda Reis

Foto: arquivo pessoal.

William também concluiu o Mestrado em Comunicação e Sociedade  e o MBA em Marketing e Recursos Humanos. Entrou na faculdade no ano de 2007 e se formou no ano de 2011, ainda no segundo período da faculdade fez o primeiro estágio na área de Comunicação. De acordo com o jornalista, o trabalho na área de Jornalismo é um árduo percurso, repleto de desafios, principalmente por conta da rápida divulgação de notícias através da internet. É necessário ser hábil e profissional para conseguir um "furo" de reportagem, por exemplo. No decorrer da entrevista, William compartilha experiências e sonhos realizados, além das mudanças para aperfeiçoar o Jornalismo atualmente.

O que mais atraiu você para a área do Jornalismo?

William Castro: O que me encanta no Jornalismo é fato da gente não ter rotina, seja no impresso, no rádio, na TV, no meio digital, que é a web, na assessoria. Você não sabe o dia de amanhã, então você produz as notícias, pensa em pautas para cada dia. Cada dia é uma experiência diferente, então isso me encanta muito, me deixa muito satisfeito em fazer Jornalismo.

 O que lhe motivou durante o curso?

William: O que me motivou durante o curso foram os professores. Os professores sempre foram espelhos para mim. Eu sempre tive como referência os professores, de como eu queria ser quando eu terminasse a faculdade e como que eu queria me colocar no mercado de trabalho, sempre foram a minha maior motivação. Então, um dos meus maiores motivos que posso falar foram os professores e os conhecimentos que foram passados em sala de aula, tanto na teoria como na prática.

 Quais foram os seus planos após a conclusão do curso?

William: Após o curso, eu sempre pensei em entrar para o mercado de trabalho, estagiei no 2° período da faculdade já  para garantir a experiência, para não ter a dificuldade de ser formado e não ter experiência, então dentro do curso já fui tentando várias experiências. Os planos sempre foram tentar ser um bom profissional, fazer mestrado, pós-graduação, tentar fazer um nome por onde eu passasse e depois de formado já fiz duas pós, terminei um mestrado, depois de ter passado por TV, impresso, assessoria, ter montado uma empresa também. Hoje estou na docência, que é uma área pela qual eu me encanto, me apaixonei pela docência no Jornalismo e pretendo seguir com doutorado em breve.

 Como você avalia o mercado de trabalho para o Jornalismo?

William: Desafiador. Na verdade, sempre foi desafiador, mas eu acho que hoje está ainda mais desafiador. Porque a gente tem muitas tecnologias, temos o avanço das redes sociais, a participação do público, leitores, telespectadores e, principalmente, dos internautas, que não são somente mais aqueles consumidores de notícias, eles são também produtores de notícias, então participam, colaboram para que aquela informação seja veiculada. Hoje é desafiador, porque estamos conectados o tempo todo, a gente que tem o poder da ubiquidade, de estarmos em todos os lugares e de termos esse acesso facilitado com a presença dos telespectadores, dos ouvintes, dos leitores e de todo esse público que consome a notícia e que contribui para essa informação.

Então, como a gente tem hoje  muitas plataformas midiáticas, a internet facilitou muito, deu uma abrangência muito grande para a gente poder informar, levar a notícia, colocar vídeo, hiperlink, ampliar as informações de qualquer notícia e de qualquer reportagem, de tentar ser o primeiro, sempre com aquele “furo” de reportagem. É um desafio hoje ser o primeiro a noticiar, colocar uma informação correta, apurar de forma correta, porque pela rapidez acaba deixando de fazer uma checagem correta, então tem esses desafios que são muitos intensos na hora de fazer o Jornalismo. A rapidez da informação traz esse desafio de continuar mantendo uma qualidade na produção da notícia.

Quais foram os trabalhos realizado após concluir a formação?

William: Trabalhei no Jornal do Maranhão, em Açailândia, lá eu fui repórter e editor, fiquei por um ano lá. De lá, eu fui trabalhar na Unisulma como assessor de comunicação, por meio da Palavra Comunicação, onde fui contratado. Em seguida, fiz uma seleção para São Luís e passei para o Jornal Imparcial, fiquei seis meses em São Luís trabalhando como repórter e editor, depois eu voltei para Imperatriz. Abri uma empresa de assessoria de comunicação que se chamava Nova Assessoria de Comunicação e voltei para a Unisulma como prestador de serviço, como empreendedor individual. Ao todo, fiquei por cinco anos na assessoria da faculdade.

 Enquanto trabalhava na Unisulma, fui professor substituto na UFMA nesse mesmo período, algum tempo depois eu trabalhei como repórter de televisão na TV Nativa. Fui professor de oratória em um curso no Senac e na pós-graduação em Marketing. Quando estava fazendo ainda a pós-graduação em Assessoria de Comunicação na UFMA, passei para o mestrado  na UFT em Palmas. Então, eu fiquei fazendo os três ao mesmo tempo, as duas pós e o Mestrado ao mesmo tempo, morando aqui em Palmas.  Todo mês eu viajava para Imperatriz, fazia um módulo da pós no final de semana, voltava para Palmas, depois voltava para Imperatriz. Graças a Deus terminei as três, voltei para Imperatriz para morar e trabalhar novamente na cidade.

Fui trabalhar na assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal, onde eu fiquei dois anos, trabalhava como repórter e  editor chefe, revisando os textos, os materiais para o site, para a imprensa. Tinha todo esse trabalho de editor e, recentemente, desde janeiro, fui aprovado para o seletivo de professor substituto em Palmas no Curso de Jornalismo da UFT e hoje sou professor substituto.

Qual foi a situação mais marcante para você no Jornalismo durante sua trajetória?

William: É uma pergunta difícil, pois sempre tem muitas situações no Jornalismo, quando a gente está no dia a dia da redação. Sempre são situações complicadas. Mas eu acho que uma das mais difíceis foi um acidente que  cobri em Açailândia quando trabalhava lá, foi um acidente que envolveu 11 pessoas em  uma van. Fui cobrir, tirar fotos dos corpos na funerária, tentar coletar informações com as famílias, com o pessoal da van. Foi algo que me marcou bastante, tinham muitas tragédias que aconteciam em Açailândia,  eu tinha que cobrir esses assuntos policiais, como mortes, assassinato e, acidentes de carro em Açailândia. Todos esses acidentes trágicos e mortes sempre foram algo que me deixavam muito inquieto. Sobre o acidente  com  van, que eu tive que fazer o texto, selecionar as fotos para ir para o jornal,  eu sempre cito isso como exemplo em sala de aula.

Em sua opinião, qual a importância do Jornalismo para sociedade?

William: Hoje o Jornalismo é fundamental para a sociedade, atualmente com as novas tecnologias, com a participação da sociedade na construção da notícia, é importante que a gente tenha o jornalista, a figura profissional para fazer esse filtro, fazer esse texto jornalístico, ter essa linguagem, ter o cuidado com a apuração, com as fontes. O Jornalismo faz parte da sociedade,  temos esse papel fundamental de apurar essas informações, de construir esse texto para fazer a divulgação, coletar as imagens, fazer boas fotos. Nós temos esse papel importante e, com isso, prestamos um serviço de cidadania,  de informação tendo as demandas atendidas por meio do Jornalismo.

 Quais mudanças você faria no Jornalismo atual para atender melhor as novas gerações?

William: Difícil falar sobre fazer mudanças no Jornalismo, é bem complicado porque a gente vive contextos social, político, histórico e tecnológico bem avançados. Se eu pudesse fazer alguma mudança, tentava valorizar as mídias tradicionais, rádio e o impresso, principalmente, que foram as primeiras mídias junto com a televisão. Faria com que não morressem. O que é uma pena ver alguns veículos fechando por falta de alguns avanços tecnológicos e, se pudesse, tentava manter todas as mídias tradicionais, aliadas das multimídias. Faria com que todo mundo tivesse esse conhecimento, pegasse no papel, ouvisse o rádio, tivesse uma notícia preparada para cada veículo. 

 O que diria para um jornalista que está iniciando a carreira?

William: Seja profissional, sempre é o recado que eu digo para os meus alunos, tenham profissionalismo com o que você vai fazer, tenha coragem no que você vai fazer, goste do que você vai fazer e você vai ser um grande jornalista. Não é uma profissão fácil, você tem que gostar de ser jornalista, de ir atrás da notícia, de apurar, de checar as fontes, construir seu texto, de ter um olhar jornalístico sobre aquele fato, de saber apurar de uma forma diferenciada dos demais, de tentar, de alguma maneira, colocar a sua característica naquele texto, você pode ter sacadas diferentes sobre aquele evento. Então, ter coragem, ser profissional, respeitar a profissão e, principalmente, fazer tudo com qualidade, tentar agregar tudo o que você aprendeu na faculdade junto com o que o mercado está te exigindo.

 Você se sente realizado como jornalista?

William: Sim, hoje eu me sinto realizado como jornalista por ter feito uma boa faculdade, por ter tido bons professores, por ter me preocupado já na faculdade onde eu iria trabalhar, de ter passado por várias áreas para depois que eu decidir qual área seguiria. A gente vai se reinventando, reformulando e aprendendo cada dia mais. Hoje eu me sinto realizado como jornalista e eu vi que foi toda uma trajetória construída até chegar a carreira que eu escolhi hoje. Eu me sinto realizado por ter construído isso com esforço, com estudo, sempre conquistando. E o principal é sempre aceitar os desafios e as oportunidades.

* Atividade da disciplina História do Jornalismo (2019.1), do Curso de Jornalismo da UFMA Imperatriz. Edição: Roseane Arcanjo Pinheiro 

 

 

 

Tags:
  • jornalismo
  • Imperatriz
  • UFMA

Autore(s):