Centro de Documentação do Jornalismo de Imperatriz

Notícias

Mestrado em Comunicação da UFMA está com inscrições abertas

notícia A coordenadora do PPGCOM, Thaisa Bueno, explica os avanços da pesquisa na área com o funcionamento do Mestrado em Comunicação, contudo também ressalta a falta de apoio do atual Governo Federal para as ações.

Texto: Valéria Rosa 

Foto: arquivo pessoal

Com um ano e cinco meses desde sua primeira turma, o Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal do Maranhão está com inscrições abertas para seleção do Mestrado 2021. Devido à pandemia do novo coronavírus (COVID-19), este ano o processo seletivo acontecerá de forma on-line. Com dez vagas para serem preenchidas, o PPGCOM da UFMA as distribuirá em quatro sistemas de vagas: a ampla concorrência, cota para pessoas negras ou pardas, pessoas indígenas e técnicos administrativos da instituição. 

A novidade deste ano no processo seletivo é que mesmo com a crise sanitária provocada pela Covid-19, os participantes terão auxílio de uma oficina preparatória para facilitar o ingresso no mestrado. O PreparaCom, curso que será ministrado para tirar dúvidas dos alunos, acontecerá entre os dias cinco e 10 de outubro, com quatro oficinas, discutindo os principais pontos do edital do mestrado, ajudando os candidatos a formatarem seus projetos para a seleção. Os tópicos abordados são: como se preparar para a entrevista, as linhas e componentes que compõem a estrutura curricular do curso, entre outros. A inscrições podem ser feitas pelo link www.even3.com.br/preparacom/ até 15/10.

Nesta entrevista, a professora e coordenadora do Mestrado em Comunicação, Profa. Dra. Thaisa Bueno, explica como será o processo de seleção este ano, quais foram as dificuldades e quais são os planos do PPGCOM para 2021. A professora comenta ainda que o Ministério da Educação tem trabalhado no desmonte da educação e perseguido as universidades no Brasil. Embora o PPGCOM na Universidade Federal do Maranhão, campus de Imperatriz, seja um projeto novo, a falta de incentivos e apoio do Governo Federal são fatores que atrapalham o desenvolvimento do programa. “Não tivemos nenhum tipo de apoio do Governo Federal para a infraestrutura propriamente do programa, estamos tentando organizar isso muito à revelia. E a mudança de ministro a cada hora significa que temos dificuldade de dar continuidade e de subir degraus. Cada vez que muda o ministro, muda toda a política”, pontua Thaisa. Confiram!

 

JOIMP: Em decorrência da pandemia do Coronavírus (COVID-19) este ano o processo de seleção do mestrado será totalmente online, quais são as dificuldades de realizar um processo seletivo dessa maneira?

Thaisa Bueno: A gente vai fazer uma seleção totalmente on-line, então, houve toda uma mudança de organização do material, a inscrição é pelo SIGAA, anteriormente a gente fazia uma inscrição que podia ser diretamente na secretaria. Tivemos que fazer alguns ajustes porque não teria como fazer uma prova escrita on-line. Então, fizemos uma mesclagem da prova escrita junto com a entrevista, para que conseguíssemos perceber o domínio do aluno com relação à literatura básica indicada, através da entrevista juntamente com a discussão do projeto. Essa foi uma dificuldade: pensar como fazer a prova escrita. Fizemos alguns ajustes com relação à prova de proficiência, ela ficou mais para adiante, então não vamos oferecer ela nesse processo agora, já que vai ser bastante extenso.  Mas, de qualquer maneira, acho que vai funcionar bem.

 

JOIMP: Em algum momento, o PPGCOM pensou em abrir mão da seleção e adiar para quando o cenário atual estiver melhor?

TB: Pensamos em não abrir o processo seletivo sim. Logo que começou a pandemia suspendemos o calendário e pensamos em retomar as atividades somente quando a pandemia fosse controlada. Naquele momento, acreditávamos que no começo do ano isso já tivesse resolvido ou até antes. No primeiro momento, suspendemos as atividades, mas com o andar da carruagem percebemos que não parece que temos uma solução muito correta, mudaram tantos ministros da educação, nosso governo parece não ter um rumo efetivo de como conduzir as questões de saúde pública no que tange à pandemia. Então, como não temos a previsão disso e não podemos voltar com segurança nas condições sanitárias que a gente se encontra, resolvemos retomar de maneira remota.

 

JOIMP: No edital informa que o início do curso vai depender da situação da pandemia do coronavírus (COVID-19), mas há alguma data prevista para iniciar as aulas da nova turma?

TB: Então, o edital diz que não tem uma data justamente por isso, estamos na esperança que tenha uma vacina para COVID-19 no início do ano. O que a gente pode adiantar é que o semestre de 2020.2 vai começar em novembro e ele vai até o final de fevereiro. O calendário da graduação da UFMA começa em maio, temos que decidir em colegiado se as aulas vão começar em março, ou a gente vai seguir o calendário da graduação. Mas acredito que provavelmente iniciaremos o calendário por março, mas isso tudo vai depender das condições sanitárias e da discussão em colegiado.

 

JOIMP: A senhora disse, em uma entrevista, que a nossa região é carente de estudos na área da Comunicação. Qual a importância do Programa de Pós-Graduação em Comunicação para reverter a situação?

TB: Com relação a carência, a pós graduação faz toda diferença, porque embora na graduação a gente tenha algumas experiências de iniciação científica, os TCCs, mas são pesquisas muito iniciais. Então, a produção do conhecimento se dá na pós graduação nacional, só começamos efetivamente a ter grandes pesquisas, pesquisas densas, quando a gente monta uma pós graduação, porque isso se institucionaliza, vira corriqueiro fazer pesquisa sobre a região. Diferentemente de quando não temos esse tipo de pós-graduação, porque vai depender do esforço muito individualizado de cada doutor, de cada professor, de maneira solitária. Com a institucionalização da pós graduação, isso se torna uma tarefa coletiva, a gente consegue contemplar mais questões, mais pesquisas, mais espaços, mais objetos.  A pesquisa começa a circular, não fica só em Imperatriz, ela é discutida, é apresentada e as nossas questões próprias, regionais, são levadas para outros ambientes e, com isso, conseguimos ampliar nossos horizontes e até quem sabe pensar em soluções para algumas questões de pesquisa.

 

JOIMP: Há um interesse em implantar o curso de doutorado também. Quais são os empecilhos que possam vir a impedir ou o que poderia atrapalhar o caminho até essa nova conquista?

TB: O doutorado é um processo lento, acabamos de aprovar o mestrado. Pelos trâmites legais, precisamos concluir a primeira quadrienal, aí começamos a passar por um processo avaliativo, esse processo avaliativo demora 4 anos, então antes de 6 anos não teremos uma avaliação da CAPES. E isso implica dizer que não podemos participar de uma seleção de implementação de projeto de doutorado, porque só podemos nos tornar doutorado depois que o governo entender que conseguimos desenvolver bem o mestrado. A universidade tem que estar interessada de que nos tornemos doutorado, investir em professor, investir em bibliotecas, investir em infraestrutura, investir no próprio aluno, então assim, ele é um projeto coletivo institucional. Nós, grupo do mestrado, queremos muito que nossa pós graduação cresça, se fortaleça, se torne referência na nossa região. Um programa que seja pensado como uma opção, para não só os nossos alunos da região, mas para todo o Nordeste.

 

JOIMP: Quais os projetos do PPGCOM para 2021?

TB: Vamos encerrar o primeiro biênio do programa, foram dois anos de implementação e que tivemos que fazer tudo, não tínhamos nada, não tínhamos um carimbo, não tínhamos documentação e regulamentação. Conseguimos produzir boa parte de toda da documentação, que tem que ser pensada, regimentada e organizada. Tivemos que organizar toda a papelada para regulamentar o mestrado e vamos encerrar isso agora, no semestre de 2020, com uma parte dessa documentação ainda em andamento, carecendo de alguns ajustes. Conquistamos uma sala, uma infraestrutura para essa sala, então assim é uma luta diária para manter, fortalecer e fincar efetivamente os dois pezinhos do mestrado aqui em Imperatriz. Acho que o desafio 2021 é fortalecemos e nos prepararmos para quadrienal, o nosso projeto é organizar muito bem a casa para que sejamos bem avaliados.

 

JOIMP: Por que eu deveria ser aluno da nova turma do PPGCOM? O que senhora poderia explicar aos que desejam entrar no programa?

TB: Nosso programa é um mestrado acadêmico, é um projeto que visa formação de pesquisadores para atuar no ensino superior na área da comunicação. Ele tem duas linhas muito amplas, temos uma linha mais sociológica, mais social, que discute a comunicação ligada às questões humanas e um viés mais tecnológico, que discute as questões da comunicação pela perspectiva dos aplicativos, dos desenvolvimentos, das ferramentas. Nesse aspecto, nosso mestrado ele pode atrair gente com expectativas diferentes, destaco que nosso mestrado em comunicação e a comunicação é  uma conceituação bem interdisciplinar, ele pode atrair pesquisadores ou futuros pesquisadores que não sejam da área mãe, que não sejam da formação em Jornalismo, Publicidade, Relações Públicas, mas que tenham interesse em discutir a comunicação na suas próprias áreas de origem. Então, chamaria as pessoas para fazer esse mestrado para crescerem como pesquisadores, como comunicadores, para repensar as nossas práticas. A comunicação perpassa toda a nossa vida, então algum momento você pode ter uma questão de pesquisa interessante que dialogue conosco e que contribua também para o seu crescimento pessoal.

JOIMP: A senhora citou as trocas de ministro. O que está achando do desempenho do Ministério da Educação? As decisões tomadas no mestrado foram baseadas nas orientações do Ministério ou da própria UFMA?

TB: As decisões do mestrado elas são impactadas pelas duas coisas: pela gestão da UFMA, pelas decisões do Ministério da Educação e diretamente da presidência da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Essas mudanças de ministro impactam no nosso programa porque de uma maneira geral cada vez que muda-se a direção do Ministério da Educação, muda-se tudo, atrasam-se os processos. O Ministério da Educação, o próprio Governo Federal, tem trabalhado no desmonte da educação, é uma perseguição com as universidades. Embora nosso programa seja pequeno e esteja começando, de certo modo somos impactados também, fomos excluídos do projeto do CNPQ, não temos bolsa CAPES, além das duas bolsas “enxovais”, aquelas que estão previstas na aprovação do projeto. Não tivemos nenhum tipo de apoio do Governo Federal para a infraestrutura propriamente do programa, estamos tentado organizar isso muito à revelia. E a mudança de ministro, a cada hora, significa que temos dificuldade de dar continuidade, de subir degraus, cada vez que muda o ministro, muda toda política.  

Tags:

Autore(s):